sábado, 27 de junho de 2009

BEM E UM POUCO DE MAU


O medo sem garantias

O eterno jeito de ceia

O amor e sua azia

Uma reta fugidia

Uma mole geometria

Um bem e um pouco de mal

O amor e sua teia

Vitamina e sonrisal

Sorriso e bolo de aveia

Veia sangrando macia

O medo em funda bacia

Controlado vinho e sal

Descontrolado de frente

O amor glória falaz

Livre e forçosamente

O medo vindo por trás

Gerando crime serial

De dar formas à semente

Em poesia letal

Onde o ser mente e desmonta

Desmentindo orbes celestes

Que amores fiam de ontens

sábado, 20 de junho de 2009

ARIEL - o poema ARIEL é da Poetisa Sylvia Plath


Estancamento no escuro

E então o fluir azul e insubstancial

De montanha e distância.

Leoa do Senhor como nos unimos

Eixo de calcanhares e joelhos!...

O sulcoAfunda e passa, irmão

Do arco tenso

Do pescoço que não consigo dobrar.

Sementes

De olhos negros lançam escuros

Anzóis...

Negro, doce sangue na boca,

Sombra,

Um outro vôo

Me arrasta pelo ar...

Coxas, pêlos;

Escamas e calcanhares.

Branca

Godiva, descasco

Mãos mortas, asperezas mortas.

E então

Ondulo como trigo, um brilho de mares.

O grito da criança

Escorre pela parede.

E eu

Sou a flexa,

O orvalho que voa,

Suicida, unido com o impulso

Dentro do olhoVermelho, caldeirão da manhã.

(tradução de Ana Cândida Perez e Ana Cristina César)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

EXPLODIU UM CORAÇÃO


Explodiu um coração ali logo ali

um amor de missão impossível

lâmina na garganta

foi assim o sangue escorrendo

dum ídolo de flores

Explodiu num corpo só maduro

um corpo olhando outro corpo

um ser olhando outro ser

foi assim um vaso escorrendo

chorando pétalas

Explodiu pois nasceu isolado

sem profecias sem esperanças

sem versos sem conexões

foi assim despetalando

sobre corolas neutras

Explodiu e banhou a cidade toda

esse coração indecoroso

nu e fragmentando a barriguinhada brisa em infinitudes e eternidades

sábado, 13 de junho de 2009

ELAS, AS HERDEIRAS

Sob o vale dos homens,
Elas sofrem.
Sob o vale dos homens,
A outorga do espinho.
Elas, as abandonadas.
Elas, as nauseadas do tédio.
Elas dançam
Quais flores de abismo.
Elas dançam
Quais réus de loucura.
O palco onde estiveram
Ainda tem umidade da procura.
Elas, as herdeiras da submissão.
Herdeiras das estátuas de cinzas de Pompéia.